Castigo Literal

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Arte de Micah J. Gunnel
Numa manhã como todas as outras, Dantas acordou e se sentiu diferente. Ele não tinha uma enorme carcaça, nem várias pequenas patas, muito menos desistiu de levantar da cama. Nenhuma mudança física havia ocorrido com aquele senhor de mais de 80 anos e aposentado. 

Dantas sentia-se novo. Desejava partir para uma jornada inesperada, mas sem companheiros, apenas como um homem que relembra os melhores momentos de sua vida dentro de sua sepultura. Apesar da vontade jovem, permanecia ranzinza, como se tivesse suas memórias póstumas antes do póstumo.

Morava com seu filho em uma casa simples, sem pisos e revestimentos, na periferia de São Paulo, mas não tinha nenhuma árvore com quem conversar antes do café da manhã, nem ao menos uma samambaia.

Após o desjejum, olhou para o céu, mas não viu nenhuma grande nave amarela parecida com um trator, apenas um grande círculo de fogo de onde poderia sair ou entrar uma carruagem em chamas, mas isso não aconteceu. Sua ânsia jovem era sufocada pelo sua rotina idosa.

Sentia-se como se estivesse há 3096 dias em cativeiro, mas não morava ali com seu filho há mais de um mês. Precisava escolher o momento certo para fugir e voltar para o mundo, mas suas grades mentais não permitiam, até um leve descuido de seu filho. A oportunidade perfeita para ir embora: uma briga! 

Não foi necessário um motivo. Ele não precisava de um motivo para brigar, apenas de um motivo para viver suas aventuras. Queria descer ao inferno e voltar ao céu outra vez. Queria mostrar ao mundo toda a sua alegria e conhecimento de vida de uma criança que vive num barracão abandonado na areia da praia. 

Sem destino e com apenas algumas roupas nas malas, ele passou no banheiro e pegou o item mais importante do universo para qualquer viajante e partiu como quem atravessa a Europa de trem rumo ao desconhecido.

Redes sociais mudam conceitos de privacidade

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Os adeptos das redes sociais crescem cada vez mais no Brasil, com isso as pessoas expões suas vidas na internet sem se preocupar com as conseqüências futuras. Juliana Rodrigues, 18, estudante, conta tudo que acontece na sua vida aos seus “amigos” por redes sociais como Twitter  e Facebook, a que mais cresce no Brasil. Para ela é “mais prático” contar as novidades por esses meios, de maneira generalizada para todos, do que ficar falando pessoa por pessoa.

Juliana não é a única. Segundo o psicólogo Oliver Prado, do Conselho Regional de Psicologia, as pessoas caminham para a perda de privacidade em relação ao que acontecia há dez anos atrás. Este fator acontece porque os internautas não estão preocupados com isto nas redes sociais.

Descrição poética do passado: Ilusão de Cronos

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O passado é ilusão de Cronos. Filho de Urano e Gaia, pai do presente, avô do futuro. É tempo. É o hoje de amanhã. Memória de um ontem que já foi hoje. Imaginação do que se é. Presente deixado para trás. É tristeza, alegria, agonia e euforia. Alívio ou insatisfação. Foi ontem, é hoje e será amanhã. É pura ilusão. Saudades de uma vida alegra. Sofrimento de uma vida infeliz. Para alguns saudades, para outros preferível esquecer. É música, é Fresno. A contramão do amanhã. O tesouro do saudosista. Tatuagem na alma. Simples e composto. Perfeito e imperfeito. Brasa de uma fogueira que já não arde, mas deixa sua marca no solo. Está na boca dos avôs, na ponta do giz no quadro negro. Mas, o que é passado? Só o tempo pode dizer.